2.11.10

Jeudi Noir
















De acordo com a Wikipédia, a expressão 'Jeudi Noir' é uma maneira figurada de referir-se a um dia de acontecimentos negativos, eventos trágicos para um grande grupo de pessoas, uma nação, um povo: 'un jour noir'. A Enciclopédia virtual traz como exemplo a 'jeudi noir' na qual aconteceu o 'crack' da Bolsa de Valores de NY, em 1929, e que deu origem a um longo período de depressão econômica, entre outros.
Assim foi chamado o dia no qual a lei da aposentadoria foi aprovada no Senado. Assim também foi chamada a última quinta-feira em Paris: a quinta-feira negra. Pensava-se que, com a lei da aposentadoria já tendo sido votada - e aprovada -, as manifestações se esvaziariam. Previa-se que apenas a metade das pessoas que participaram das paralisações anteriores iriam às ruas. Não foi isso que eu vi. A mobilização continua forte e a sensação é que a votação da lei ofereceu mesmo um 'gás' a mais para as manifestações contrárias. A estimativa foi de um milhão e meio de pessoas nas ruas, em toda a França. Cidades como Toulouse, Marseille, Bourdaux, Nantes, levaram à ruas, juntas, mais de 400.000 pessoas. Em Paris, 170.000.
A passeata saiu da Place de la République, seguindo pelo Bd. Saint Martin, passando pelos amplos Boulevards que Eugène Haussmann rasgou na carne da cidade na segunda metade do século XIX, na sua febre de modernização.
Ironicamente, naquele momento, estas largas vias serviam para impedir que o povo se reunisse e conspirasse longe dos olhares vigilantes dos responsáveis pela ordem urbana. Um século e meio depois, elas têm a função inversa: facilitam o acesso e permitem que a grande massa de pessoas atravesse a cidade, obrigando a polícia de trânsito a parar o tráfego e fazendo com que toda a região central de Paris participe das mobilizações.
O slogan desta quinta, extremamente inspirado, era: "o que um parlamento faz, a rua pode desfazer!"










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