O artista Hélio Leite trabalha criando miniaturas. Usa botões, caixas de fósforo, pequenas figuras humanas. Faz um trabalho criativo e inteligente. Mas, para além disso, também cria miniaturas criativas e inteligentes com as palavras.
Mas o que são 'miniaturas de palavras'?, você vai me perguntar. É simples, é fazer com que a palavra se detenha do detalhe, na minúcia, naquilo que normalmente passa despercebido em meio à grandiosidade dos discursos, das vozes cada vez mais alteradas da pós-modernidade, da espetacularização que parece tomar conta da vida.
Este vídeo é parte de um projeto chamado "O que é tristeza prá você?", cujo realizador faz entrevistas com diversos artistas. O de Hélio é um primor. Sua voz tranquila e seu trabalho, que apesar de miniaturizado, é eloqüente, completam as suas palavras, que tratam, dentre outros assuntos, do prazer de fazer o que faz, que ele, modestamente, define como 'artesanato'. Ou, de forma poética, 'um treino para o diálogo com a humanidade'.
Hélio é um defensor de que trabalho e prazer não são coisas inconciliáveis, e afirma: "quando a gente vai procurar o que fazer dentro da gente, a gente sempre acaba fazendo o que gosta. E fazer o que não gosta é o pior desemprego do mundo".
Concordo plenamente.
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