O filósofo austríaco Ludwig Wittgenstein faz parte daquela lista famosa dos teóricos que são muito citados, mas pouco lidos. Escritor de uma única publicação, o 'Tratactus Logico-Philosophicus', de 1922, é considerado um dos pensadores mais importantes do século XX. Apesar disso, muitas das suas frases são utilizadas fora do contexto, desvinculadas do restante do raciocínio que as daria o sentido pleno. Há alguns dias, um amigo alemão me enviou um vídeo do artista finlandês M. A. Numminem, no qual ele brinca exatamente com uma das frases mais conhecidas - e mais citadas - de Wittgenstein: "What we cannot speak about we must consign to silence".
Isso acabou gerando uma conversa a esse respeito, na qual eu defendia que o 'speak' - falar -, pode ser feito de várias maneiras, não apenas através da linguagem que se vale das palavras. Eu defendi então, o conceito de 'expressar' ao invés de falar, e terminei brincando que faltou um divã na vida do Ludwig...
Quando falei em 'expressar', claro, estava pensando naquela que, para mim, é a mais forte forma de expressão: a arte. Quanto de indizível a arte pode conter? Quanto de emoção, quando de dor, de prazer, de alegria, de desolação?... Quantas palavras seriam necessárias para expressar a melancolia de uma tela de De Chirico, a solidão de uma cena de Hopper, a elegância de um móbile de Calder, ou a ternura de um Chagall? E seriam elas suficientes? O que apreendemos com um simples golpe de vista, o que nos atinge em um nível tão profundo, seria tão forte se traduzido por palavras? Não sei, não tenho a resposta...
Mas hoje, finalmente, assisti ao filme de Wenders, 'Pina'. Ou melhor, vou repetir a frase de maneira correta: hoje, finalmente, assisti ao belíssimo (aqui você faz uma pausa e relê a palavra 'belíssimo' cinco vezes, por favor) filme de Wenders sobre a sua amiga, Pina Bausch. E, logo no início do filme, fui surpreendida com as palavras da própria Pina, que parecia estar me respondendo, ao afirmar: "Há situações que te deixam absolutamente sem palavras. As palavras, também, não podem fazer mais do que apenas evocar as coisas. É aí que vem a dança."
O filme de Wenders parece fazer eco a esse pensamento todo o tempo, já que o diretor move-se ao longo de sua obra com um profundo desprezo pelas diferenças entre as diversas línguas que se sucedem na tela, através dos bailarinos da companhia, oriundos de diferentes nacionalidades: ouvimos inglês, francês, alemão, espanhol, japonês, português e italiano. E o tempo todo, fica claro que o idioma é realmente algo secundário: aquelas pessoas se comunicam através de algo muito mais poderoso: a sua dança!
E, ao final, é novamente a própria Pina que volta para dizer: 'Dancem, dancem, senão estaremos perdidos...", como se dissesse, 'expressem-se!', 'comuniquem-se!',... da forma que puderem!..
Wittgenstein ficaria orgulhoso.
Isso acabou gerando uma conversa a esse respeito, na qual eu defendia que o 'speak' - falar -, pode ser feito de várias maneiras, não apenas através da linguagem que se vale das palavras. Eu defendi então, o conceito de 'expressar' ao invés de falar, e terminei brincando que faltou um divã na vida do Ludwig...
Quando falei em 'expressar', claro, estava pensando naquela que, para mim, é a mais forte forma de expressão: a arte. Quanto de indizível a arte pode conter? Quanto de emoção, quando de dor, de prazer, de alegria, de desolação?... Quantas palavras seriam necessárias para expressar a melancolia de uma tela de De Chirico, a solidão de uma cena de Hopper, a elegância de um móbile de Calder, ou a ternura de um Chagall? E seriam elas suficientes? O que apreendemos com um simples golpe de vista, o que nos atinge em um nível tão profundo, seria tão forte se traduzido por palavras? Não sei, não tenho a resposta...
Mas hoje, finalmente, assisti ao filme de Wenders, 'Pina'. Ou melhor, vou repetir a frase de maneira correta: hoje, finalmente, assisti ao belíssimo (aqui você faz uma pausa e relê a palavra 'belíssimo' cinco vezes, por favor) filme de Wenders sobre a sua amiga, Pina Bausch. E, logo no início do filme, fui surpreendida com as palavras da própria Pina, que parecia estar me respondendo, ao afirmar: "Há situações que te deixam absolutamente sem palavras. As palavras, também, não podem fazer mais do que apenas evocar as coisas. É aí que vem a dança."
O filme de Wenders parece fazer eco a esse pensamento todo o tempo, já que o diretor move-se ao longo de sua obra com um profundo desprezo pelas diferenças entre as diversas línguas que se sucedem na tela, através dos bailarinos da companhia, oriundos de diferentes nacionalidades: ouvimos inglês, francês, alemão, espanhol, japonês, português e italiano. E o tempo todo, fica claro que o idioma é realmente algo secundário: aquelas pessoas se comunicam através de algo muito mais poderoso: a sua dança!
E, ao final, é novamente a própria Pina que volta para dizer: 'Dancem, dancem, senão estaremos perdidos...", como se dissesse, 'expressem-se!', 'comuniquem-se!',... da forma que puderem!..
Wittgenstein ficaria orgulhoso.
Adoro sempre!
ResponderExcluirObrigada, Sueliton! :)
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