4.7.12

Vamos falar sobre a morte?

Pensamos pouco nela. Aliás, na maior parte do tempo, fugimos do assunto, fingindo que não irá acontecer conosco e nem com ninguém que conhecemos. Atravessamos a vida - e a cidade - vendo os seus sinais, mas escolhendo ignorá-los. Seja nas notícias da violência urbana que proliferam na mídia, seja nos acidentes cada vez mais numerosos, ela nos rodeia. Signos da sua presença estão espalhados pelas avenidas e praças das metrópoles. De cemitérios a monumentos, estamos cercados pela morte.
Com Lewis Munford, aprendemos que a cidade dos mortos veio antes da cidade dos vivos. Mas, apesar da sua inevitabilidade e importância (ou talvez, por causa dela), a cultura ocidental não tem por hábito incorporar a morte como parte da vida.
Apesar disso, em alguns momentos, ela se impõe: naquele quase acidente que foi evitado por um micro segundo, no assalto do qual escapamos ilesos, na tragédia que vemos nas cenas dos telejornais. E, às vezes, escolhemos olhá-la de frente, voluntariamente. Assim será o evento que acontecerá a partir de amanhã no Museu da República, Rio de Janeiro. Pesquisadores de diversas áreas se reunirão para 'olhar' a morte dos seus mais diversos ângulos, no colóquio "Representações da morte no ambiente urbano".
Eu estarei lá, falando sobre um fenômeno bem contemporâneo: a 'neutralização' crescente que nos acomete em relação à vida e à própria humanidade, na palestra que intitulei "Em vez de rosto uma foto de um gol": algumas considerações sobre a vida, a morte e a humanidade.


Ah, para quem acompanha o blog e ficou com a impressão de que já viu essa foto antes, parabéns pela memória! Ela estava neste post aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário