17.12.12

Is the end...

... of the world as we know it and I feel fine...


Andei pensando - como todos nestes últimos tempos - na tal profecia dos Maias que prega que tudo se acabará daqui há alguns dias. E, pensando bem, essa história de fim do mundo é uma coisa bem saudável. Finais são saudáveis. Doem algumas vezes, dão medo em outras, mas sempre nos fazem olhar em volta, reavaliar, mexer naquilo que não está assim tão bom, mas que deixamos como está, porque,... 'ah, você sabe né, não está tão ruim afinal'.... e assim seguimos, justificando para nós mesmos a nossa preguiça ou pouca disposição em modificar o que nos rodeia, em sair do lugar, em dar reviravoltas. Até que o Final, aquele com letras maiúsculas, nos atropela sem aviso prévio e zera nossas contas, muito provavelmente nos deixando com aquela cara de 'ué, acabou?...'.
Assim, pequenos finais - ainda que apenas fictícios - têm esse aspecto positivo: nos tiram da nossa zona de conforto. E nos acenam com novas oportunidades, possibilidades, retratos de vidas alternativas novinhas nas quais podemos consertar o que ficou errado, fazer melhor o que foi mal feito, dar mais atenção ao que passou despercebido e colocar tudo na devida perspectiva.
Gosto da idéia de que, a qualquer momento, ou em um momento que escolhemos a dedo, podemos dar fim a algo e abrir caminho para outros inícios. Gosto de ritmos: a sequência das estações e as mudanças climáticas, os finais de ano nos quais nos enganamos que a partir dali será tudo diferente, o final do mês no qual sabemos que daqui a alguns dias um salário inteirinho estará à nossa espera, pronto para ser usufruido, o final da semana que temos todo para fazer o que quisermos. Gosto da perspectiva de ter pequenos e grandes finais, e, sobretudo, de pequenos e grandes começos.
Sou professora e, no meu trabalho, essa sempre foi, a meu ver, uma enorme vantagem: meu percurso tem início, meio e fim. A cada semestre, tenho, junto com novos alunos, uma outra oportunidade de fazer melhor o que fiz mais ou menos, estudar mais os pontos que achei fracos, reavaliar todo o processo para fazer de maneira mais eficiente. 
Experimentar finais que são sempre uma possibilidade de recomeço. Até o dia em que venha o final definitivo. Que nesse dia, possamos olhar para trás sabendo que fizemos muitos 'ensaios' de finais, começos e recomeços, que nossos medos não tenham nos paralisado e nossas experiências tenham sido suficientes para se sobreporem aos nossos arrependimentos. 
Afinal, como diz a música do R.E.M., qualquer dia pode ser o fim do mundo tal como o conhecemos... e, que se assim o for, que seja como sonhou Montaigne: "que a morte me encontre plantando as minhas couves sem pensar nela e menos ainda na imperfeição da minha horta".
Um feliz final do mundo para todos!




2 comentários:

  1. ÓTIMO texto e vou ver o vídeo da música sim!!! Temos que aproveitar todos os dias e darmos sempre nosso melhor!!!! :D

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