30.3.10

Franceses

"Os franceses são grosseiros".
"Franceses não tem paciência com quem fala mal o idioma".
"Falta calor humano na França".

Quem já não ouviu essa afirmações? Sempre apresentadas como resultado de vivências concretas, elas passam a povoar o nosso imaginário como verdades absolutas. Como só tinha vindo antes na França como turista, não me sentia apta a questionar ou avalizar nenhuma delas. Havia passado por algumas (poucas, na verdade) experiências ruins aqui, assim como também já passei por situações desagradáveis no Rio ou em São Paulo.
Agora, depois de um mês lidando com a burocracia francesa e com os parisienses nos seus diversos locais - faculdade, comércio, banco, restaurantes, e mesmo na rua - me sinto um pouco mais segura em relativizar TODAS as 'verdades absolutas' acima. Não, os franceses não são grosseiros. Talvez para o nosso temperamento mais caloroso, eles possam parecer, por vezes, diretos demais, mas grosseria é outra coisa. Nessa minha curta experiência, por enquanto, tive excelentes surpresas: ganhei solidariedade, simpatia, até elogios. Abri conta em banco, coloquei cartas no correio, fiz compras em supermercados, me inscrevi na faculdade, em seminários e em bibliotecas e, em nenhum lugar sequer, fui tratada com menos do que respeito. Em alguns casos, as pessoas simplesmente saíram dos seus postos para ir comigo em alguma outra seção me ajudar a conseguir o que queria.
Essa foi a minha experiência até agora. Não é a de todos. Já conversei com amigos aqui da Maison que passaram por situações chatas e desagradáveis, nas quais tiveram que brigar para conseguir algo. Mas, também no Brasil, quantas vezes já não nos exaltamos em bancos ou nos balcões de algum órgão público?
Claro, o 'je suis desolé, madame...' continua em pleno vigor por aqui. Mas não é nada que apague o sol do nosso dia.

5 comentários:

  1. Olá Eliana,
    Parabéns pelo seu doutorado em Paris. Também tentarei ir, ainda este ano, e tenho acompanhado blogs de estudantes brasileiros que estudam na França. Isso ajuda a acalmar a ansiedade e até tirar dúvidas em relação ao processo burocrático com a CAPES ou CNPQ. Se puder, escreva mais sobre o cotidiano, dicas sobre a vida na Maison du Brésil, etc...
    Je vous dis "Bravo"!.

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  2. Oi Fernando, obrigada pela força! Estou, desde já, torcendo por você também. Se conseguir, não deixe de contar aqui. Na medida do possível, colocarei sim, notícias sobre esse cotidiano francês e a vida na Maison. Abraços!
    Eliana

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  3. Olá...
    Concordo...
    Não há generalizações...
    Nunca diria que são grosseiros. Mas que, comparando, pelo menos em Paris são mais frios e distantes (Mas tb há esses casos pelo mundo... e Brasil, né?)
    Eu já passei por uma situação extremamente desagradável, você sabe, ouviu ontem...
    Afff... nem desolé eu ganhei! Tô mal, hein?!
    Mas realmente acredito que isso pode acontecer em qualquer lugar do mundo...
    Mas não há nada que apague o sol do dia, é verdade!

    Beijuuuus
    YARA

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  4. Continuo achando que não há nada que apague o sol do dia...
    mas o "parceque" e o "sera difficile" é SIM grosseria!
    :P
    Mas... azar delas... que apagam o sol do dia delas...
    Que o nosso continua lindo, firme e forte!
    hahaha

    beijuuuus grandes

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  5. É exatamente isso, querida! Mas acho que são coisas que poderíamos passar no Brasil também. O que acho complicado é deixar essas atitudes virarem estereótipos para todo um povo. Até porque, como conversamos outro dia, os franceses em geral são bem diferentes dos parisienses... Beijos!

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