6.6.10

O Beijo





































A mão dele pousa suavemente no quadril dela. O braço esquerdo dela envolve o pescoço dele, seu corpo se curva e se apóia nele, entregando-se à sensualidade do beijo. Os olhos estão fechados e os corpos nus. Não sabemos se eles são belos de face. Não importa. A beleza deles não é a dos semblantes. Mal conseguimos vislumbrar as expressões dos seus rostos, mas não temos dúvidas do enlevo que estaria nelas caso conseguíssemos vê-las.
Rodin não deixa dúvidas: eles são de pedra. O escultor, como em quase todas as suas obras, não faz questão de esmerar-se no acabamento: ele deixa boa parte do mármore em estado natural, quer mostrar que aquilo é um material bruto, do qual conseguiu, com a sua habilidade, 'arrancar' emoção.
Racionalmente, não há dúvidas: eles são de pedra. Mas poucas vezes a pedra esteve tão perto de ser carne e desejo.
E os amantes continuam, petrificados em seu eterno beijo, alheios ao vai e vem dos turistas ao seu redor...

Um comentário:

  1. Ahhhh o beijo!!!

    E se eu pudesse petrifificar em minha memória a sensação de um beijo, não de um qualquer... mas do beijo?! E quando eu quisesse lá esteria ela em mim, acessada rapidamente e sentida fortemente... Até posso acessar, mas é preciso do estímulo certo. E Rodin faz isso.

    Rodin não petrificou a sensação... mas acho que não há uma pessoa nesse mundo que ao ver o beijo, não se perceba pensando, desejando e até sentindo (!) um bom beijo que viveu.
    Ou há?

    Talvez aqueles que nunca ganharam um bom beijo... mas acho que mesmo esses são capazes de, ao menos menos, desejar o que nunca sentiram, não?! ;)

    ResponderExcluir