2.11.11

Pessoas admiráveis


George Tooker - Landscape with figures

De vez em quando paro para pensar em quanta gente admirável há no mundo. Em todos os tempos, em todas as culturas, temos pessoas que, em algum momento, conseguiram se elevar acima da sua própria realidade para enxergá-la mais do alto, traçando um panorama a partir desta visão mais larga.
Penso nisso de maneira abrangente, em diversas áreas: na filosofia, sociologia, física, ciências naturais. Nas artes, então, não dá nem para esmiuçar. Ser artista é, de alguma maneira, ter essa 'antena' ligada o tempo inteiro para o que está ao redor, fazendo, com suas obras - sejam elas livros, pinturas, filmes - uma interpretação (ou, à vezes, antecipação) da realidade.
Mas comecei a falar desse assunto por causa de um homem em especial. Um alemão que viveu na virada do século XIX para o XX e, olhando as profundas modificações que aconteciam na forma de vida daquele momento, resolveu analisá-las. E como o fez! Georg Simmel escreveu sobre a sociedade, o amor, o dinheiro, a moda, a arte, as formas que as pessoas têm de se agruparem e as maneiras como escolhem à quais grupos pertencer... Muito antes de ouvirmos a respeito das 'tribos' que passaram a transitar pelas grandes cidades ao final do século XX, Simmel já tinha escrito sobre elas, ainda que não as tenha nomeado desta maneira.
Ele foi o primeiro que, olhando para Berlim, aquela cidade que crescia cada vez mais rapidamente, começou a pensar em algo que ninguém havia pensado antes: 'como é que essa vida atinge a psique dos indivíduos?' ou 'quais as consequências da vida metropolitana para a subjetividade dos que dela compartilham?' Simmel via as pessoas vivenciarem situações até então inéditas, como sentar-se à frente de outras pessoas em um bonde e permanecer ali algum tempo em absoluto silêncio. Para nós, acostumados à impessoalidade dos contatos na metrópole contemporânea, pensar nisso exige um esforço, já que esse comportamento é mais que naturalizado entre os cidadãos de qualquer metrópole nos dias de hoje. Simmel pensou nestas questões e em muitas outras, construindo uma obra vasta e que se derrama por múltiplos assuntos.
E agora, um século depois, como ficam as teorias do sociólogo? A partir desta questão, está sendo organizado um seminário na Ufrj, nos dias 17 e 18 de novembro.
Pensadores de diversas áreas estarão lá, conversando sobre a obra de Simmel e o seu lugar na metrópole contemporânea. A filósofa Olgária Matos, os historiadores Maria Stella Bresciani e Robert Pechman, o psicanalista Joel Birman, a socióloga francesa Claudine Haroche, dentre outros, estarão lá dialogando sobre Simmel e, especialmente, sobre o papel do seu pensamento nas metrópoles dos dias atuais.
Para quem quiser maiores informações, há um blog sobre o evento aqui.
Eu também estarei lá. Falando sobre cinema, claro!

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