18.1.13

O hamster, a rodinha e o sentido da vida

Ah, sei lá viu... De repente é a tal da maturidade se instalando tardiamente. Talvez possa ser o tempo acalmando uma certa visceralidade que sempre senti me roer por dentro. Ou talvez as dores da vida tenham me feito dar uma 'amolecida' em relação à certas coisas que sempre me pareceram 'auto-ajuda' - algo do qual tenho verdadeiro nojo. O fato é que, de uns tempos prá cá, tenho encarado algumas coisas de forma diferente do que via antes. Imagino que tenha a ver com as etapas que vão, aos poucos, sendo atravessadas. Há algum tempo, terminei mais uma delas, o doutorado. E aí, dá aquela sensação de que o hamster saiu da rodinha, sabe?... Não?... Vou explicar: quando a gente está fortemente envolvido com algo, a sensação é que estamos absolutamente focados em UM objetivo. Tudo o mais se torna acessório. Claro, você continua a fazer o que sempre fez: sai com os amigos, lê coisas interessantes, vai ao cinema, se dedica à um hobby, trabalha, paga as contas. Vida normal. Mas o teu foco, aquele que você elegeu como o seu objetivo principal, está lá, que nem uma cenoura à sua frente, te impelindo a continuar, continuar, continuar... É isso que chamo, internamente, de 'hamster na rodinha'. O bichinho (no caso, nós) fica ali, rodando, rodando, gastando a sua energia, e, muitas vezes... não se questiona exatamente com o que tanta energia está sendo dispendida. Aí, de repente, por um motivo qualquer - o objetivo foi alcançado, o objetivo se mostrou inalcançável, o objetivo deixou de ter importância... - a rodinha pára. O hamster, tadinho, olha pros lados meio aturdido, meio tonto, com aquela carinha de perdido, como se pensasse: 'o que eu estou fazendo aqui?'
E á aí que a parte interessante começa. Porque responder a esta pergunta não é exatamente óbvio. Se perguntar 'o que eu estou fazendo aqui' pode ser desestabilizante, desestruturante, até perigoso. Vai que a gente descobre que a resposta não nos agrada! Vai que a gente não consegue achar uma resposta! Vai que... enfim, todo mundo entendeu.
Na verdade, acredito que descobrir respostas interessantes e consistentes para esta pergunta seja uma tarefa das mais difíceis e desafiantes da vida.
Daí, esta semana, este vídeo me caiu nas mãos. Confesso que, de início, pensei: 'af, mais uma daquelas coisas edificantes que tenta mostra prá gente que a vida tem que ser bem vivida, valorizada, etc...' Mas, fosse por curiosidade, fosse por falta do que fazer, acabei assistindo o tal vídeo. E achei bem interessante! Embora repleto de lugares comuns, ele tem algo que o difere dos outros do seu tipo: não traz embutido nenhuma lição de moral, nenhuma visão religiosa, apenas apresenta os fatos.
Achei que valia a pena postar aqui, e acredito que ele valha os quase quatro minutos que você vai passar assistindo.



2 comentários:

  1. Quanto mais eu leio avec-soleil.blogspot.com.br, mais tenho vontade de ler.

    ResponderExcluir
  2. Eu continuo te seguindo... e concordando com tudo o que você escreve minha amiga. Também tenho nojo de auto-ajuda, rs. Mas esse vídeo não tem nada disso. Sabe o que achei mais interessante? Dos 5 arrependimentos mais comuns... sofro principalmente de dois! Viajar... sempre fiz e continuo fazendo, e quero continuar assim!!! Trabalhar menos??? Felizmente amo o que faço e não acho que o tempo que uso pra isso é excessivo. Falar sobre meus sentimentos? Paris me ensinou a me abrir... :) Agora, manter contato com meus amigos, e ser mais feliz!!! Isso eu quero fazer mais! quero ver você ainda esse ano minha amiga! Fazer coisas que gosto (gosto de tanta coisa que não tenho conseguido fazer tudo, rs), voltar ao violão, a ler mais, a admirar a arte... Obrigada pelo post! E obrigada por permitir que mantenhamos o contato, nem que seja através do blog! :)

    ResponderExcluir