16.2.12

Mergulho...


... em um mundo novo!
Clave de Sol, Clave de Fá, Mínimas, Semínimas, Breves... Nomes que nunca haviam feito parte do meu vocabulário agora preenchem uma parte do meu cotidiano. Pois é: aprender um instrumento é muito mais do que apenas dedilhar cordas ou teclas tentando acompanhar uma melodia.
Na primeira aula, para minha surpresa, não saí da mesa sobre a qual se espalhavam as diversas folhas com o be-a-bá da teoria musical. O piano estava ali do lado, fechado, sisudo, como a me dizer: 'humpf... sai fora, você ainda não tem conhecimento suficiente prá sentar aqui e mexer em mim...'
Na semana seguinte, me sentei em frente a ele pela primeira vez.... para dedilhar escalas! Polegar no dó central, passei boa parte da tarde no monótono dó-ré-mi-fá-sol-lá-si... si-lá-sol-fá-mi-ré-dó. E errando! Descobri, para minha desolação, que não é fácil fazer algo diferente com as duas mãos ao mesmo tempo...
A partir disso, fiquei pensando como é saudável, a essa altura da vida, dar esse mergulho em algo totalmente diferente do que estou habituada. Claro, nunca me faltaram desafios. Quem acompanha os meus relatos de algum tempo sabe que acabei de sair de um longo processo de doutorado que foi absolutamente desafiador. Não posso mentir, foi difícil, complicado, penoso em alguns momentos, mas era um terreno que, se não conheço todo, ao menos sei como me mover nele. Algo assim: eu nunca dirigi um caminhão, mas, se eu dirijo bem um automóvel, não vai ser tão difícil eu aprender a guiar algo diferente, mas que é regulado pelo mesmo princípio. Que venha o caminhão, então!
Continuando na mesma metáfora, aprender música, para mim, é como aprender a pilotar um avião. Não importa quantos carros, motos ou caminhões eu possa ter dirigido, nada me preparou para estar flutuando em um veículo cujo modo operacional é diferente de tudo o que conheço.

Me aproximar da música como aprendizado, seja na teoria, seja, agora, no iniciozinho da prática, tem para mim esse gostinho: é uma água na qual eu nunca nadei, um ar no qual eu não sei me mover, um terreno que se move embaixo dos meus pés e ao qual eu tenho que prestar atenção o tempo inteiro, um labirinto do qual não tenho certeza de que há saída... ou seja, um baita desafio! E, por isso mesmo, uma delícia!
Outro dia, em uma conversa, eu ouvi: 'conviver com você é um desconforto constante, é desestabilizador'. Fiquei ofendida e perguntei o porque. A resposta foi: 'porque você não pára quieta! Acabou de terminar o doutorado e já está aí com esse arzinho de 'o que é que eu vou aprontar agora?' Na hora eu disse que não, que nada disso, que eu vou sossegar, que quero descanso... Mas agora, pensando bem... não é que ele tinha razão?

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